82.Que características deve ter a avaliação dos trabalhos mediúnicos?
A avaliação, que se deve fazer ao final das reuniões mediúnicas precisa visar a intensificação e aprimoramento do aprendizado de todos os da equipe.
Durante as reuniões ocorrem muitas e importantes coisas com os seus membros participantes, médiuns ou não, que podem ser postas ao conhecimento comum: as percepções diferentes, mesmo curiosas, que se haja feito em torno de determinada manifestação; médiuns que se apercebem de que a ocorrência dos fenômenos por seu intermédio vêm mudando de caráter; certos tipos de Espíritos que nunca se haviam manifestado, por exemplo. "É excelente o trabalhe de exame das comunicações." (68)
Podem-se evocar os modos como se desenrolaram os diálogos com os desencarnados, se foram pertinentes ou não, se tomaram aspectos de sermões e não de fraternais diálogos. Pode-se, ainda, levantar considerações sobre a postura diretiva, posto que há dirigentes que, ignorando a gravidade da sua função de timoneiro, costumam assentar-se, abrir e encerrar os trabalhos, sem nenhuma outra colaboração com o crescimento dos companheiros.
É compreensível que durante as reuniões os dirigentes não causem dificuldades aos lidadores, como os doutrinadores e passistas, interrompendo-os, desestabilizando-os. Mas, fora da atividade, cumpre-lhes orientar os confrades de boa vontade, sugerindo-lhes posturas, oferecendo-lhes exemplos de casos, fazendo advertências ou trocando idéias, de modo que lhes facilitem o caminho no grandioso labor da mediunidade.
Nenhum membro da reunião, pois, deverá sentir-se atacado, desconsiderado ou relegado nesses esforços de avaliação. Quem deseja crescer, com Jesus, faz o que pode e sabe, estando sempre aberto, sempre disposto a saber mais para poder servir mais e melhor, sem qualquer melindre.
83. Existe limite de idade para os trabalhos em reunião mediúnica quando se é jovem ou muito idoso?
Embora deva existir esse tipo de cautela, a fim de que pessoas muito jovens, sem um necessário nível de maturidade para, pelo menos, encarar seriamente a atividade e a faculdade, bem como suas implicações, sabemos que não é a idade cronológica que empresta maturidade e responsabilidade a alguém, considerando a generalidade das pessoas.
É compreensível que alguém, em função da idade ou de alguma enfermidade que age sobre seu sistema neurológico, seja deslocado dos serviços mediúnicos, ou não lhes tenha acesso, por não oferecer mais a confiança que se espera dos lidadores da mediunidade.
É comum que tanto a pessoa muito novata quanto aquela muito anciã - a primeira, em razão da taxa de ansiedade e a segunda, por cansaço - interpretem indevidamente o que lhes surja à mente, podendo misturar dados importantes e causar dificuldades e prejuízos ao grupo. No entanto, vale lembrar que essas dificuldades não pertencerão somente aos muito moços ou aos muito idosos, um a vez que os bons resultados em labores mediúnicos não estão vinculados às faixas etárias dos servidores, porém, à responsabilidade e maturidade que as pessoas demonstrem.
São conhecidos por todos os exemplos de jovens, muito jovens, que se tornaram verdadeiros pilares do bom trabalho espírita, na esfera mediúnica, como são notáveis os casos de médiuns em avançada idade prestando, ainda, excelente serviço à Causa Espírita. No entanto, isso não constitui a regra, mas, sim, as exceções. Assim, os cuidados necessários não devem se despegar do bom senso requerido por parte daqueles que têm a tarefa de abrir ou não as portas da reunião a esses companheiros.
84. Como avaliar se um trabalhador deve participar da reunião mediúnica?
A primeira questão é saber o que é que a pessoa pretende na reunião mediúnica. Há alguma faculdade a ser educada ou a desenvolver? Há algum tipo de trabalho que ela possa e queira fazer, mesmo sem faculdade mediúnica ostensiva? Dispõe dos conhecimentos básicos que a capacitem a acompanhar e entender o que se passa no seio da reunião?
Fundamentalmente, médiuns e não-médiuns terão necessidade de, pelo menos, deter os conhecimentos básicos da Doutrina Espírita, a fim de que sejam diminuídas as chances de equívocos francamente desnecessários.
Desse modo, é de bom alvitre que ninguém seja admitido em trabalho mediúnico sem que esteja inserido nos labores e na familiaridade da Instituição. Introduzir-se alguém que acaba de chegar à Casa Espírita nas reuniões íntimas, sob pretexto de ser portador de mediunidade, costuma caracterizar erro grave de irresponsabilidade, gerador de cafifes lamentáveis.
Se na Instituição chega uma pessoa com indícios de mediunidade em eclosão, ou mesmo com evidências do fenômeno, é dos dirigentes a responsabilidade de não alocá-la, de imediato em sessões mediúnicas. Nada de precipitações. Nada de ansiedades. Poderão estar presentes na situação conflitos psicológicos, emocionais, e mesmo problemas psiquiátricos a exigir tratamentos especializados. É necessário aguardar, acompanhando com atenção.
A esses confrades dirigentes, assim, caberá o esforço de trata-la, de promover sua harmonia, sua equilibração; providenciar-lhe os devidos estudos, até que tenha domínio sobre o que se lhe passa. Somente, então, poderá ser levada a desempenhar funções de responsabilidade mediúnica, iniciando com a atividade da fluidoterapia, a dos passes, e, caso persistam as evidências mediúnicas, agora sob controle, a pessoa será encaminhada a alguma reunião para o necessário enquadramento.
Importantíssimo é que os responsáveis pelas atividades espíritas reflitam e constatem que não são todos os companheiros chegados à Instituição que deverão, obrigatoriamente, ser conduzidos às reuniões mediúnicas para “trabalhar”.
Muitos chegam, de fato, tangidos pelas esporas de fenômenos gritantes. Após os tratamentos e estudos, porém, tudo passa, tudo retorna à normalidade, tendo aquelas ocorrências servido para “convocar” a criatura aos campos do efetivo bem.
Há outros que, em se achando na atividade doutrinária, entrosados no seu trabalho vibrante e feliz, aos poucos vão identificando registros mediúnicos que se adensam, pouco a pouco, sem alardes, indicando-lhes o momento de adentrar novas experiências psíquicas, quais as da mediunidade. Ajustados aos trabalhos próprios, tudo segue num crescendo de cooperação maior com os nobres Mentores, com Jesus.
(68) O Livro dos Médiuns, cap. XXXI, item XXIV.
Desafios da Mediunidade, J. Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, pág. 104 a 107, Editora Fráter.